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 dino

Tal qual o dilema do ovo e da galinha, não estou certa se a arte imita a vida ou a vida imita a arte. Talvez, neste último caso, sejam as duas coisas, alternadamente. Nunca imaginei, por exemplo, que o enredo do filme Jurassic Park, sobre dinossauros recriados através de tecnologia de recuperação de DNA dos gigantes extintos, pudesse se aproximar da realidade.

Embora muitos cientistas ainda não estejam convictos de que uma empresa norte americana, a Startup Colossal Biosciences tenha realizado feito semelhante ao da ficção, tivemos a ampla divulgação de que uma espécie de lobo, extinta há mais de dez mil anos, o lobo terrível, voltou a dar as caras neste mundo, na forma de três filhotes, Rômulo, Remo e Khaleesi.

A proeza, segundo a empresa, resumidamente, teria consistido na alteração de genes de lobos cinzentos, espécie mais assemelhada geneticamente, combinados com genes encontrados em dentes e outros restos fossilizados. Para alguns, porém, que questionam o feito, trata-se de uma espécie híbrida, diversa da extinta, resultado apenas da mistura de DNA das duas espécies. A Biosciences, entretanto, afirma ter “des-extinguido” os lobões brancos e já anuncia os próximos da lista. Em breve, poderemos ter Dodôs, Mamutes e tigres-da-tasmânia, vindos diretamente do passado.

Acredito que o tempo tratará algumas respostas sobre isso, se estamos diante de notícias falsas, exageradas ou de uma realização sem precedentes, mas igualmente suscitará tantas outras perguntas. Uma delas, talvez a mais premente, é se há limites éticos que possam ditar regras mínimas para experiências dessa natureza. Para o bem ou para o mal, tudo depende da destinação que se der, dos propósitos que movem os detentores do conhecimento e do Poder e é aí, penso, que moram os riscos.

Parece-me que seria bem interessante trazer de volta à vida, espécies extintas mais recentemente, pela ação do homem, direta e indiretamente, mas ainda assim estou ciente de que falta o conhecimento científico para afirmar se mesmo isso, a médio e longo prazo, seria o melhor, o mais seguro a ser feito. Por outro lado, admito, causa-me fascínio pensar que seja possível trazer ao mundo, animais que os seres humanos jamais viram, exceto pelos passos que deixaram na história, muito embora também me cause pavor, pelas consequências que, por ora, não somos capazes de prever.

A prosperarem iniciativas e experimentos como esse, o futuro pode ser um lugar muito doido. Isso se a imbecilidade das guerras, movidas pela ganância de homens que se escondem atrás de seus altos postos, não colocar fim em tudo antes. A ironia é se trazer à vida o que já não existe e condenar o que vive, à morte.

De todo modo, fico eu cá imaginando se um dia os dinossauros estarão de volta e se serão comandados por programas de Inteligência Artificial, a qual decidirá se os seres humanos merecem ou não seguir bagunçando as coisas. Quem sabe, até, optem por trazer de volta os neandertais, numa tentativa de resetar as coisas, de corrigir tudo que esculhambamos por aqui?

Para além disso tudo, ainda há a recente descoberta de estruturas incríveis e elaboradas, abaixo das pirâmides do Egito. Numa dessas, vai que alguém descobre um meio de chamar os alienígenas de volta? Já pensaram? Muitos cenários dignos da mais maluca ficção científica. Os adultos das próximas décadas poderão programar as férias das crianças no Jurassic Park, com direito a cruzeiros em discos voadores. A Disney que trate de se modernizar ou de criar um Mickey falante, de carne e osso.

Cinthya Nunes é jornalista, advogada, professora universitária e ainda não sabe no que acreditar – Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo./www.escriturices.com.br